Violência no Desporto


Muitas são as teorias que buscam explicar a violência em geral e, especialmente, a violência associada ao deporto. Teorias monocausais, multicausais, advindas de estudos da psicologia ou da sociologia. É buscando a causa que se procura uma melhor solução para o problema.

         A teoria da emoção-instinto de Freud e Adler influencia um estudo que leva à conclusão de que toda agressão é sempre resultado duma frustração anterior. Culpa-se a sociedade, criadora de todas as frustrações. É uma teoria basicamente psicológica.

         Na teoria de Bandura e Walters a agressão é aprendida, assim como todo o comportamento humano é aprendido com a vivência e as inter-relações. Sendo assim, entende-se o homem como produto do meio, influenciado pelo meio ambiente, levado ao comportamento criminoso pela cruel sociedade. Uma teoria mais sociológica para explicar a violência.
 
         Nesta teoria sociológica, entende-se que o criminoso acaba por absorver o que se encontra à sua volta, imitando comportamentos, influenciado, principalmente, pela media.

         Estas teorias expõem apenas um aspecto causador da violência, seja ela relacionada a manifestações desportivas ou não. Desta forma, surgem as teorias multicausais, que enumeram diversas causas para o fenómeno da violência.

         As causas para a violência, em especial associada ao desporto, seriam um conjunto de factores como: socialização; condições político-económicas; factores genéticos; factores psicológicos.
         A questão que surge é do porquê que essas manifestações se restringem ao futebol, não fazendo parte de toda e qualquer modalidade desportiva. Na verdade, esta afirmação seria falsa. É no futebol onde a violência se manifesta com mais frequência e mais intensidade, mas não é privativa deste. 

         O basebol já viu cenas de violência, em 1954 em Gerogetown e em 1960 em Porto de Espanha. Em 1963 houve uma desordem numa pista de corrida de cavalos na área de Nova Iorque. Em 1955 foi a vez do hóquei sobre o gelo presenciar cenas de revolta e violência em Detroit.

Os casos de violência em outras modalidades desportivas, porém, não são tão frequentes, sendo até mesmo raros, ao contrário do futebol, onde nos últimos anos esta vem se tornando cada vez mais usual. Eis que surge a ideia de que a natureza do desporto, por ser de contacto físico intenso, gerando, muitas vezes, lesões nos próprios contendores seria causadora de uma influência nos espectadores, a ponto de causar manifestações de violência por parte da torcida.

         No entanto esta razão não possui fundamento, uma vez que modalidades como o rugby, o boxe ou o futebol americano, que possuem mais contacto físico que o futebol e são muito mais violentos em sua natureza, não têm o histórico de manifestações violentas por parte dos torcedores como há no futebol.

         Então, esta violência não estaria ligada ao desporto, não seria intrínseca do futebol, nem mesmo inseparável deste. Outro deve ser o factor gerador da violência que se desencadeia nos estádios. “Esta violencia no es inherente al mundo del deporte en general, o del fútbol en particular, sino que, antes bien, el espectáculo le sierve de pretexto para manifestarse”. Esta ideia também se encontra presente no Tratado nº 120 da União Europeia, que considera a violência como um “fenómeno social actual de grande envergadura cujas origens são essencialmente exteriores ao desporto, e que o desporto é frequentemente o palco de explosões de violência”.         Mesmo aceitando que a violência não é intrínseca ao futebol, deve-se entender neste tipo de manifestação a maior ameaça à segurança pública, exemplos são as tragédias de Heysel na Bélgica, Sheffield na Inglaterra, e mais recentemente o derby siciliano que levou à morte um policial.

         Mas, então, se esta violência não é inerente ao futebol, mas tão só manifestada dentro do recinto desportivo, como determinar sua causa a fim de prevenir seu resultado? 

         Diversos autores, ao tentar explicar as origens desta violência, chegam a conclusões semelhantes. Seja em relação ao fanatismo que o futebol emana, tanto nos violentos como nos pacíficos, seja na dura realidade da vida urbana, que reprime o ser humano, causando-lhe angústias e frustrações que culminam numa vontade de rebelar-se.

         O fenómeno da violência associada ao desporto é realmente algo que se acentua nos grandes centros urbanos, seja Londres, Lisboa ou São Paulo. A população marginalizada destes centros acaba por exprimir todos os seus instintos violentos através das manifestações desportivas.

         Em testemunho recente, um torcedor do Flamengo, clube do Rio de Janeiro, culpou a proibição dos “bailes funk” pelo aumento da violência nos estádios. Este tipo de festa era conhecido pela violência, onde grupos rivais se encontravam para brigar. Com esta proibição a violência teve de escapar para algum outro lugar, e acabou indo para as arquibancadas do Maracanã.

         Realmente não tem nada a ver com o desporto. O futebol, tão apaixonante, acaba por ser apenas um elemento de toda a confusão. Mas, é inegável que é o futebol que atrai estes jovens aos estádios, e por vezes é o resultado de uma partida que desencadeia manifestações violentas, seja pela derrota ou por inconformismos com a decisão do árbitro.

         Em um caldeirão de emoções proporcionadas pelo espectáculo desportivo unem-se a revolta e a rivalidade, combinações que lançam os jovens em direcção à violência. Na maioria das vezes manifestada apenas por que o outro grupo ostenta o símbolo rival.
         No Brasil a violência é muito mais acentuada nos grandes centros urbanos, manifestando-se principalmente em derbys locais, os chamados clássicos. Esta rivalidade entre clubes da mesma cidade ordinariamente se manifesta em forma de confrontos físicos e perturbações da paz pública.
Para entender melhor a violência associada ao futebol é necessário separar os diversos tipos de espectadores e os diversos tipos de manifestações violentas. Os hooligans ingleses, os ultras italianos, as claques portuguesas, as torcidas organizadas brasileiras, todos provém de uma realidade específica, com diferentes causas e formas de violência.
Violência no futebol: 
Com o passar dos anos o futebol foi tornando-se uma modalidade mais elitista e com isso a violência foi-se tornando mais rara, mas nunca desaparecendo. Desde sempre o futebol foi um desporto que arrastou multidões, e com isso despoletou paixões, ódios, mil e um sentimentos entre adeptos e praticantes. Sentimentos estes que muitas vezes dão origens a actos que não enaltecem em nada o nome do futebol.
A violência no futebol tem se registado aos mais diversos níveis: Começando pelos praticantes, dirigentes, treinadores, árbitros, passando pelas claques, todos os elementos que compõem este desporto já foram vítimas e culpados da ira dos seus opositores.
Casos como o de Heisel Parque, do Jamor, só para falar nos mais conhecidos para nós, são o culminar desta violência que esta instalada neste desporto. Algo deveria ser feito para por termo a esta situação, alguns esforços já estão a ser realizados na tentativa de evitar que acontecimentos como estes ocorram.

O Mundial 2010 está ai, será mais uma oportunidade para rever o que está de mal e tentar melhorar esses mesmos aspectos. Não podemos ter medo de ir apoiar as nossas equipas, de ir praticar futebol a onde quer que seja. Este medo tem que desaparecer.
Estes são problemas que o futebol vai ter que viver, não sei se para sempre, mas por muito tempo. O Futebol como já disse é um desporto que vive da paixão, e é esta paixão que desperta os sentimentos de raiva de ódio que muitas vezes são exprimidos. No fundo enquanto houver paixão haverá sempre violência. A ideia é que a paixão faz esquecer o lado "negro" do futebol. A ideia que fica é a seguinte, No dia que acabar a paixão no futebol, acabará a violência... Mas sem paixão o que será o Futebol?
 
Violência nas claques:
As claques são um dos símbolos da violência no desporto. A grande maioria dos casos relacionados com violência em recintos desportivos. Estas muitas vezes movidas pela paixão cega ao seu clube e pela vontade de apoia-lo incondicionalmente têm atitudes que em nada beneficiam os espectáculos. As claque têm nos últimos anos sido o expoente máximo da violência. Casos como o do Jamor, em que um adepto do Sporting foi atingido por um very-light arremessado por um adepto do Benfica. Casos como estes têm acontecido vezes sem conta tanto em Portugal como noutros países. Países como Argentina, Itália, Holanda estão na liderança desta estatística negativa, relacionada com a violência.
Os elementos das claques muitas vezes aproveitam os jogos das suas equipas para de certa forma transporem cá para fora todos os problemas, angústias, medos, ou seja, as claques são uma espécie de escape de todas as emoções contidas durante uma semana de trabalho. As pessoas basicamente  funcionam como um balão, vão enchendo, enchendo. Esta é a meu ver o grande problema da violência nas claques, enquanto as pessoas virem no futebol um escape das suas emoções e vingarem nos adeptos das outras equipas todas as suas frustrações.
A violência nas claques está presente tanto a nível físico, com todos os exemplos que já atrás falei. Mas também está presente através da violência psicológica, todas aquelas frases, injúrias, provocações, entre outras são uma espécie de violência psicológica.
Hooligans:
Durante os anos 70 e 80, o hooliganismo, o alcoolismo e violência de alguns adeptos de futebol (especialmente ingleses) começaram a sujar a reputação do futebol, assim como a levar cada vez menos pessoas aos recintos desportivos.
Os Hooligans surgiram na Grã-Bretanha e rápido se alastraram a outros países. São na maior parte das vezes grupos ligados a ideais neo-nazis, e que vêm no futebol uma forma de expressarem esses seus ideais. Os Hooligans encontram-se hoje em dia ligados de uma forma inequívoca a grupos neo-nazis. As bandeiras destes grupos são facilmente encontradas um pouco por todo o mundo nos estádios de futebol. Estes grupos mais do que apoiar a sua equipa, procuram de certa forma impor a sua imagem de força neste mundo. Existem casos como na Holanda em que são organizados autênticas batalhas campais, entre grupos rivais, para disputarem a liderança entre os mais fortes, e o respeito dos outros. Se pensarmos bem é o instinto animal ao mais alto nível, senão vejamos, no Reino Animal quem sobrevive são os mais fortes, os animais mais fortes obtêm o respeito dos outros assim como a liderança de suas manadas. Ao entrarmos num novo milénio e quando devíamos evoluir e não regredir parece que cada vez mais acontecem situações que nos aproximam dos nossos antepassados animais.
Exemplos de desastres causados por estes elementos em recintos desportivos não faltam, a seguir irei salientar os mais importantes a meu ver, como: Ibrox Park, Glasgow em 1971, no estádio Lenin, em Moscovo, em 1982, Heysel Park, Bruxelas em 1985, Hillsborough, Sheffield, Inglaterra em 1989, em Bastia, Córsega em 1992, Ellis Park, Joanesburgo e Accra Stadium, Gana, ambos em 1991
Exemplos como estes servem para que de uma vez por todas se compreenda que nem tudo está bem no futebol e no desporto, algo terá que mudar pois já milhares  de pessoas perderam a vida em recintos desportivos, um local que deveria ser de união, alegria, confraternização e não um campo de batalha.
  
Violência noutros desportos:
Já existiram casos de violência em todos os desportos. O Futebol como desporto mais popular é o que mais se houve falar, mas no entanto pode até nem ser dos piores. A nível de violência no desporto, existem desportos que os próprios praticantes se envolvem em lutas que vão muito além do objectivo do jogo. Todos se lembrarão dos dois ciclistas no giro de Itália que se envolveram num conflito físico após a queda de um deles ter provocado a queda do outro, ou do nadador australiano pegado com o seu colega de equipa, após este ter cometido um erro fatal às inspirações da equipa. Casos como estes acontecem todos os dias e em todos os desportos, quase que podemos afirmar que o desporto puxa a violência.
Cá em Portugal, para além do futebol, outro desporto que de vez em quando também é noticia pela negativa é o hóquei em patins. Ainda está fresco o caso decorrido entre o Sport Lisboa e Benfica e o Futebol Clube do Porto, quando no decorrer de um jogo os adeptos invadiram o campo e alguns deles foram agredidos por jogadores. O Hóquei como outros desportos praticados em recintos fechados e onde acontecem muitos contactos físicos com os adversários, são propícios a este género de situações.
Juntando a estes ainda existem aqueles desportos onde a violência está associada ao próprio desporto, e onde a essência do próprio desporto se confunde com a violência, como são os casos do Boxe, Judo, Râguebi, Futebol Americano, entre muitos.
Sporting vs. Benfica
Elementos de uma claque benfiquista vandalizaram a entrada das instalações da Juve Leo, envolveram-se em rixas em determinados sítios de Lisboa com adeptos do Sporting e esfaquearam um adepto do Sporting três vezes no tórax e como se isso não bastasse, queimaram-lhe as costas. O adepto foi parar ao hospital, mas, felizmente já teve alta. Tudo isto aconteceu em semana de dérbi.
A coexistência pacífica já é difícil ao longo do ano, mas quando se aproxima um dérbi entre os dois clubes lisboetas, a cidade vira quase um campo de batalha. É praticamente uma tradição. Estas atitudes apenas envergonham o futebol. As claques servem para apoiar o respectivo clube e não para servirem como capangas.
Depois com tudo isto quem se sente seguro em ir ver um Sporting-Benfica ao estádio? O risco de levar uma facada ou com uma cadeira está sempre presente. A polícia portuguesa tem a obrigação de manter estes indivíduos longe dos estádios, para bem da segurança de todos.
Campeonato de Júniores
Uma autêntica batalha campal entre adeptos leoninos e encarnados provocou a interrupção do derby e levou ao pânico os cerca de três mil espectadores na Academia de Alcochete.
Amido Baldé, avançado do Sporting, acabara de falhar um golo de cabeça, mas já pouca gente na Academia de Alcochete estava concentrada no derby com o Benfica que iria decidir o campeonato nacional de juniores.
Uma saraivada de pedras atingiu uma bancada amovível, obrigando os espectadores a refugiar-se em pânico entre os jogadores no relvado. Poucos metros atrás, elementos das claques das duas equipas combatiam à pedrada, com a polícia a disparar para o ar para travar a violência. Pelo menos dois feridos, veículos danificados e o adiamento do encontro foi o resultado dos incidentes.
Tudo terá começado quando algumas dezenas de elementos da claque do Benfica chegaram à porta da Academia do Sporting, em Alcochete, numa altura em que a partida já tinha principiado. Os poucos elementos da polícia que os escoltavam acabaram por ser impotentes para travar as provocações entre adeptos dos dois clubes (separados apenas por uma cerca de arame), que começaram a reagir de um lado e de outro com pedras. Estas iam provocando danos nos veículos, à medida que os confrontos se iam aproximando do local da partida (onde estavam cerca de três mil pessoas), acabando por visar também os espectadores presentes na bancada amovível, entre os quais muitas crianças.
Todos procuraram refúgio no relvado do jogo, interrompendo o encontro. Os confrontos prosseguiram, com as pedras e tochas a dirigirem-se agora para a bancada principal e o relvado. Instalou-se o caos. 
O Corpo de Intervenção da GNR, entretanto reforçado, acabou por controlar os acontecimentos, com José Eduardo Bettencourt, presidente dos “leões”, a descer ao relvado para tentar também acalmar os ânimos. Mas a partida não tinha condições para prosseguir e acabou mesmo por ser adiada para data a definir (ver caixa), 45 minutos depois de ter sido interrompida.
No final da tarde, Pedro Mil-Homens, responsável pela Academia do Sporting, leu um comunicado em que lamentava profundamente mais esta página negra no futebol nacional. “É um dia triste para a Academia e para o futebol de formação”, começou por dizer, antes de defender que os “leões” tomaram “as medidas certas” para organizar este derby decisivo. “O jogo foi normal até aos 25 minutos e as coisas apenas se transtornaram com a entrada de alguns adeptos organizados, que danificaram carros dentro e fora do recinto. Atiraram pedras aos adeptos que até então estavam a ver o jogo”, descreveu.
Em comunicado, também o Benfica acusa os adeptos leoninos de agressões e provocações, que não foram devidamente assumidas pelo clube de Alvalade.
Apesar de tudo, miraculosamente, a violência terá provocado ferimentos visíveis em apenas dois adeptos. Um saiu do recinto de maca, com um braço engessado, e outro apresentava ferimentos na cabeça. Dentro dos terrenos da Academia permaneceram os adeptos benfiquistas por mais duas horas, vigiados de perto pelas autoridades, enquanto os adeptos do Sporting abandonavam o local.

Adeptos portistas em confrontos no Estádio do Algarve

O ambiente de tensão envolvendo a final da Taça da Liga descambou em confrontos. À chegada ao Estádio do Algarve, os apoiantes do FC Porto apedrejaram os rivais do Benfica. A polícia teve de intervir e usar balas de borracha.

Os desacatos começaram por volta das 16.15, quando as claques do FC Porto chegaram ao Estádio do Algarve (onde decorre, esta noite, a final da Taça da Liga, entre águias e dragões). Os autocarros dos Super Dragões estacionaram num descampado, cheio de pedras, na zona norte do estádio. Os adeptos portistas recolheram os projecteis e aproveitaram a falta de um cordão de segurança para se dirigirem até aos apoiantes encarnados e atirarem-lhes pedras e outros objectos contundentes.

A polícia de intervenção chegou dez minutos depois, mas foi só com a entrada em acção dos agentes a cavalo, cerca de 16.30, que os ânimos serenaram. Mas a polícia ainda teve de recorrer a bastões e balas de borracha para afastar os adeptos azuis e brancos. O saldo provisório dos desacatos aponta para quatro feridos ligeiros e dois adeptos portistas detidos.